SESC Sorocaba promove fotografia para deficientes visuais na ASAC




A atividade é parte da programação para a Virada da Inclusão, cujo objetivo é garantir o pleno exercício da cidadania e a inclusão social de todas as pessoas, com e sem deficiência, como forma de intensificar os laços de igualdade de direitos e dar base a uma sociedade verdadeiramente democrática e inclusiva.


“O outro olhar: fotografia com o corpo e seus sentidos” é uma oficina de fotografia para deficientes visuais, que será realizada no próximo sábado, 03 de dezembro. A atividade será ministrada por Míriam Cris Carlos e pelo Werinton Kermes, na ASAC (Associação Sorocabana de Atividades para Deficientes Visuais), como parte da programação do SESC para a Virada da Inclusão.

Míriam e Werinton foram os pioneiros no desenvolvimento de pesquisas sobre produção de imagens por deficientes visuais, com a realização da primeira oficina em 2002, em Sorocaba, com o apoio da Universidade de Sorocaba (UNISO), que oferecia o local de realização das aulas e os laboratórios de fotografia, na época no campus Seminário.

Após esta primeira experiência, o trabalho foi realizado em outros lugares, entre eles, em Belém, por dois anos seguidos, no SESC Pinheiros e em novembro deste ano em Porto Velho (RO). A partir da iniciativa de 2002, surgiram inúmeros projetos similares em todo o país. Segundo Kermes, “a experiência tem sido muito enriquecedora; a cada nova oficina aprendemos mais e, cada vez mais, pessoas que enxergam também querem participar da experiência”.

A proposta da oficina é ensinar técnicas básicas de produção de fotografia para os deficientes visuais, com o retrato, auto-retrato e captação de imagens a partir da percepção, entendida em uma amplitude maior – como modo de perceber a realidade a nossa volta. São oferecidas noções de distância para a captação de imagens, de recorte e composição, além de discussões sobre a arte, o poético, o erro e o acaso, para capacitar os participantes a operar uma máquina simples e registrar imagens a partir do tato, da audição, do olfato. Além disso, a experiência tem funcionado como um processo de inclusão, ao estimular a curiosidade, a criatividade e a auto-estima.

A percepção e a construção de imagens são temas pesquisados por Míriam Cris Carlos, doutora em Comunicação e Semiótica e professora do Mestrado em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba. Ela explica que “as imagens se constroem também de dentro para fora e vice-versa, a partir de todos os sentidos, não só da visão”. A pesquisadora esclarece que a biossemiótica pesquisa o corpo e suas potencialidades, a capacidade que temos de nos adaptar e especializar o corpo para sobreviver. “Quando perdemos um sentido, tendemos a explorar melhor os outros. A experiência de fechar os olhos pode ser riquíssima para nós, que somos escravos do olhar”, afirma.

Embora destinada a deficientes visuais, interessados em produzir imagens a partir de outras formas de percepção podem participar da oficina. Werinton e Miriam explicam que “aqueles que enxergam terão os olhos vendados e serão guiados por aqueles que não enxergam com os olhos, mas percebem o mundo e formulam imagens / representações a partir de sua experiência sinestésica”.


Texto: Míriam Cris Carlos


Serviço:

O Outro Olhar: fotografia para deficientes visuais

Data: Sábado, 03 de dezembro,
Horário: a partir das 8h
Local: ASAC - Rua Sete de setembro, 344 - Centro - Sorocaba
Telefone: (15) 3232 -2786



Miriam Cris Carlos é Doutora em Comunicação e Semiótica, especialista em Teoria da Literatura e graduada em Letras. Professora pesquisadora do Mestrado em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba, Uniso. Roteirista e documentarista. Publicou, pela Sulina, “Comunicação e Cultura Antropofágicas” e, pela Provocare Editora e Eduniso, “A pele palpável da palavra” e “Arteiras Sorocabanas”. Realiza estágio pós-doutoral em Comunicação Social pela PUCRS- Porto Alegre.

Plataforma Lattes:



Werinton Kermes, fotógrafo, jornalista, documentarista e produtor cultural. Foi secretário da Cultura da cidade de Votorantim de 2003 a 2009. Recebeu inúmeras premiações, entre elas o prêmio de melhor vdocumentário no Festival de Vídeo de Gramado por “João do Vale, muita gente desconhece” e melhor vídeo social por “Povo Marcado”. Realizou o documentário “Clementina de Jesus: Rainha Quelé”, que retrata a vida e a obra da cantora brasileira Clementina de Jesus. Publicou pela Provocare Editora “Política e Ação Cultural, por uma Gestão das Culturas” e também é autor de “Nossa arte à meia-luz”.

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