Imagens que se constróem de dentro para fora

 Notícia publicada na edição de 02/12/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 003 do caderno C 

Deficiente visual produz auto-retrato durante oficina realizada em Porto Velho (RO) em novembro de 2011 - Por: Divulgação

O Sesc promove amanhã cedo, às 8h, uma oficina de fotografia para deficientes visuais. Para quem acha a notícia um tanto inusitada, vale lembrar que um dos grandes fotógrafos contemporâneos é o esloveno Bavcar, cego desde os 12 anos.

E para mostrar que a sensibilidade pode ser a principal ferramenta para enquadrar boas imagens, Míriam Cris Carlos e o Werinton Kermes realizam a oficina na Asac (Associação Sorocabana de Atividades para Deficientes Visuais), como parte da programação do Sesc para a Virada da Inclusão. "O objetivo é garantir o pleno exercício da cidadania e a inclusão social de todas as pessoas, com e sem deficiência, como forma de intensificar os laços de igualdade de direitos e dar base a uma sociedade verdadeiramente democrática e inclusiva", informa o material de divulgação, escrito por Míriam Cris.
A oficina, chamada "O outro olhar: fotografia com o corpo e seus sentidos", já foi desenvolvida pelo casal em outras oportunidades. Míriam e Werinton foram os pioneiros no desenvolvimento de pesquisas sobre produção de imagens por deficientes visuais, com a realização da primeira oficina em 2002, em Sorocaba, com o apoio da Uniso. Após esta primeira experiência em Sorocaba, o trabalho foi levado para outros lugares, entre eles, em Belém, por dois anos seguidos, no Sesc Pinheiros e em novembro deste ano em Porto Velho (RO).
"A proposta da oficina é ensinar técnicas básicas de produção de fotografia para os deficientes visuais, com o retrato, auto-retrato e captação de imagens a partir da percepção, entendida em uma amplitude maior como modo de perceber a realidade a nossa volta. São oferecidas noções de distância para a captação de imagens, de recorte e composição, além de discussões sobre a arte, o poético, o erro e o acaso, para capacitar os participantes a operar uma máquina simples e registrar imagens a partir do tato, da audição, do olfato", explica Míriam, que completa: "as imagens se constroém também de dentro para fora e vice-versa, a partir de todos os sentidos, não só da visão".
Embora destinada a deficientes visuais, Werinton e Miriam explicam que "aqueles que enxergam terão os olhos vendados e serão guiados por aqueles que não enxergam com os olhos, mas percebem o mundo e formulam imagens a partir de sua experiência sinestésica".
A Asac fica na rua Sete de setembro, 344 - Centro. Informações: (15) 3232 -2786.

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