DIA INTERNACIONAL DO DEFICIENTE FÍSICO - Oficina de fotografia do Sesc empolga cegos

Notícia publicada na edição de 04/12/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 10 do caderno A
Andrea Alves

O outro olhar: fotografia com o corpo e seus sentidos - A oficina para deficientes visuais foi realizada ontem nas ruas do Centro - Por: Erick Pinheiro

"Ele está sorrindo, como você pediu que ele sorrisse, a imagem está contra a luz, então aparece uma sombra dele e o foco maior está na câmera". Assim o fotógrafo Werinton Kermes descrevia a foto tirada por Edson de Miranda Melo, 15 anos. O garoto é cego e ontem participou, pela primeira vez, da oficina "O outro olhar: fotografia com o corpo e seus sentidos" para deficientes visuais e realizada na Associação Sorocabana de Atividades para Deficientes Visuais (Asac), por Werinton e Miriam Cris Carlos. A atividade era parte da programação do Sesc para a Virada pela Inclusão, já que ontem foi o Dia Internacional do Deficiente Físico.

A experiência com fotos, para Edson, foi muito marcante. "Já que não enxergo, nunca tinha me interessado por imagens. Mas surgiu essa possibilidade e achei interessante poder registrar pessoas e momentos". Usando o tato e a audição, Edson consegue apontar a lente da sua câmera para a direção que pretende registrar. No caso da foto descrita por Werinton, Edson quis focar o fotógrafo Érick Pinheiro, que fazia a reportagem para o Cruzeiro do Sul, e também sua máquina fotográfica. "Deve ser uma máquina linda pelo tamanho e pelo som que ela faz", comentou ele enquanto sentia, pelo toque, o objeto a ser registrado em imagem.

Assim como Edson, Iara Cordeiro, que tem 40 anos e ficou cega aos 23 anos por conta de um glaucoma, também clicava imagens por meio de sons e toques. "Jamais imaginava que faria isso novamente em minha vida. Posso guardar fotos da minha mãe, preservar momentos. Mas quem descreve a foto pra gente deve contar direitinho o que tem nela, com muita atenção aos detalhes". Essa revelação de uma fotografia que conta com a descrição humana, é um dos pontos mais interessantes para Werinton, que junto com Miriam já desenvolveu a oficina em outros oportunidades, inclusive em outros Estados do Brasil.

"A imagem que o cego ou deficiente visual vai construir depende da descrição. E a compreensão disso vai surgir da interação entre quem vê e quem não vê", explica Werinton. O fotógrafo ainda diz que a oficina é um reforço sobre o quanto quem não enxerga ou tem dificuldade de visão tem condições de participar de grupos, de produzir, criar. Da oficina, Miriam escolhe destacar a poesia, que quebra os padrões de imagens já estabelecidas como certas. "O certo e o errado é um conceito que deixa de existir. O erro é incorporado como um processo poético. É um registro do acaso, do inesperado. Não há regra", afirma.

Experimentações

Além de deficientes visuais e cegos, os chamados normovisuais, ou seja, quem enxerga normalmente, também participaram da oficina, como foi o caso de Cleide Silva Freitas Vaz, artesã e estudante de pedagogia. Mãe de um menino de 11 anos que tem deficiência visual, ela resolveu experimentar as sensações e a dificuldade de não enxergar e aproveitou aliar isso ao gosto pela fotografia. De olhos vendados, foi convidada a experimentar comida, tocar objetos diferentes e andar, com direito a subir e descer degraus.

"É muito difícil. Até fiquei com medo e descobri que as pessoas que não enxergam precisam confiar demais nas outras. Por outro lado, usei mais a audição, o tato, o olfato". Cleide tem 40 anos e foi a primeira vez que experimentou essa sensação. "Creio que vou poder ajudar melhor meu filho, mesmo ele estando muito adaptado ao fato de praticamente não enxergar desde que nasceu".

A oficina teve aula teórica, percursos e testes sensoriais, um pouco de teatro fotografado e práticas pelas ruas do centro da cidade.

Sesc promove peça infantil e fotografia para deficientes visuais

Notícia publicada na edição de 03/12/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 008 do caderno C -

Dentro da agenda da 2ª Virada Inclusiva, o Sesc Sorocaba promove hoje, a partir das 16h, na Biblioteca Infantil (rua da Penha, 673), a apresentação de "Uma Surpresa para Benedita". A entrada é franca e os ingressos são distribuídos uma hora antes. A montagem do Grupo Trampulim, de Minas Gerais, conta as aventuras de dois grandes companheiros, Sabonete e Benedita, que quando se reúnem no mesmo espaço aprontam mil confusões.

Nesta história, Sabonete quer preparar um jantar especial de surpresa para Benedita, mas precisa da ajuda dela. Começam, aí, os imprevistos e atropelos que fazem com que o tal jantar não seja tão simples assim e pareça que tem tudo para dar errado. Abordando as relações de amizade e amor, a produção fala do cotidiano de maneira simples e bem-humorada, utilizando um amplo repertório de gestos, técnicas circenses e improvisações.


Oficina para deficientes visuais

Já na sede da Associação Sorocabana de Atividades para Deficientes Visuais (Asac) acontece, das 8h às 12h, e das 13h às 17h, o curso de fotografia voltado às pessoas ali assistidas e a outros interessados (quem não tem deficiência visual e quer participar terá os olhos vendados). À frente do projeto estão a semioticista e professora Mírian Cris Carlos e o fotógrafo Werinton Kermes. "O objetivo é garantir o pleno exercício da cidadania e a inclusão social de todas as pessoas, com e sem deficiência, como forma de intensificar os laços de igualdade de direitos e dar base a uma sociedade verdadeiramente democrática e inclusiva", informa o material de divulgação escrito por Mírian.
A oficina, chamada "O outro olhar: fotografia com o corpo e seus sentidos", já foi desenvolvida pelo casal em outras oportunidades. Míriam e Werinton foram os pioneiros no desenvolvimento de pesquisas sobre produção de imagens por deficientes visuais, com a realização da primeira oficina em 2002, em Sorocaba, com o apoio da Uniso. Após esta primeira experiência na cidade, o trabalho foi levado para outros lugares, entre eles, em Belém, por dois anos seguidos, no Sesc Pinheiros e em novembro deste ano em Porto Velho (RO). A Asac fica rua 7 de Setembro, 344. 

Oficina fotografia para cegos na ASAC Sorocaba em parceria com o SESC. 03/12/2011






















Imagens que se constróem de dentro para fora

 Notícia publicada na edição de 02/12/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 003 do caderno C 

Deficiente visual produz auto-retrato durante oficina realizada em Porto Velho (RO) em novembro de 2011 - Por: Divulgação

O Sesc promove amanhã cedo, às 8h, uma oficina de fotografia para deficientes visuais. Para quem acha a notícia um tanto inusitada, vale lembrar que um dos grandes fotógrafos contemporâneos é o esloveno Bavcar, cego desde os 12 anos.

E para mostrar que a sensibilidade pode ser a principal ferramenta para enquadrar boas imagens, Míriam Cris Carlos e o Werinton Kermes realizam a oficina na Asac (Associação Sorocabana de Atividades para Deficientes Visuais), como parte da programação do Sesc para a Virada da Inclusão. "O objetivo é garantir o pleno exercício da cidadania e a inclusão social de todas as pessoas, com e sem deficiência, como forma de intensificar os laços de igualdade de direitos e dar base a uma sociedade verdadeiramente democrática e inclusiva", informa o material de divulgação, escrito por Míriam Cris.
A oficina, chamada "O outro olhar: fotografia com o corpo e seus sentidos", já foi desenvolvida pelo casal em outras oportunidades. Míriam e Werinton foram os pioneiros no desenvolvimento de pesquisas sobre produção de imagens por deficientes visuais, com a realização da primeira oficina em 2002, em Sorocaba, com o apoio da Uniso. Após esta primeira experiência em Sorocaba, o trabalho foi levado para outros lugares, entre eles, em Belém, por dois anos seguidos, no Sesc Pinheiros e em novembro deste ano em Porto Velho (RO).
"A proposta da oficina é ensinar técnicas básicas de produção de fotografia para os deficientes visuais, com o retrato, auto-retrato e captação de imagens a partir da percepção, entendida em uma amplitude maior como modo de perceber a realidade a nossa volta. São oferecidas noções de distância para a captação de imagens, de recorte e composição, além de discussões sobre a arte, o poético, o erro e o acaso, para capacitar os participantes a operar uma máquina simples e registrar imagens a partir do tato, da audição, do olfato", explica Míriam, que completa: "as imagens se constroém também de dentro para fora e vice-versa, a partir de todos os sentidos, não só da visão".
Embora destinada a deficientes visuais, Werinton e Miriam explicam que "aqueles que enxergam terão os olhos vendados e serão guiados por aqueles que não enxergam com os olhos, mas percebem o mundo e formulam imagens a partir de sua experiência sinestésica".
A Asac fica na rua Sete de setembro, 344 - Centro. Informações: (15) 3232 -2786.

SESC Sorocaba promove fotografia para deficientes visuais na ASAC




A atividade é parte da programação para a Virada da Inclusão, cujo objetivo é garantir o pleno exercício da cidadania e a inclusão social de todas as pessoas, com e sem deficiência, como forma de intensificar os laços de igualdade de direitos e dar base a uma sociedade verdadeiramente democrática e inclusiva.


“O outro olhar: fotografia com o corpo e seus sentidos” é uma oficina de fotografia para deficientes visuais, que será realizada no próximo sábado, 03 de dezembro. A atividade será ministrada por Míriam Cris Carlos e pelo Werinton Kermes, na ASAC (Associação Sorocabana de Atividades para Deficientes Visuais), como parte da programação do SESC para a Virada da Inclusão.

Míriam e Werinton foram os pioneiros no desenvolvimento de pesquisas sobre produção de imagens por deficientes visuais, com a realização da primeira oficina em 2002, em Sorocaba, com o apoio da Universidade de Sorocaba (UNISO), que oferecia o local de realização das aulas e os laboratórios de fotografia, na época no campus Seminário.

Após esta primeira experiência, o trabalho foi realizado em outros lugares, entre eles, em Belém, por dois anos seguidos, no SESC Pinheiros e em novembro deste ano em Porto Velho (RO). A partir da iniciativa de 2002, surgiram inúmeros projetos similares em todo o país. Segundo Kermes, “a experiência tem sido muito enriquecedora; a cada nova oficina aprendemos mais e, cada vez mais, pessoas que enxergam também querem participar da experiência”.

A proposta da oficina é ensinar técnicas básicas de produção de fotografia para os deficientes visuais, com o retrato, auto-retrato e captação de imagens a partir da percepção, entendida em uma amplitude maior – como modo de perceber a realidade a nossa volta. São oferecidas noções de distância para a captação de imagens, de recorte e composição, além de discussões sobre a arte, o poético, o erro e o acaso, para capacitar os participantes a operar uma máquina simples e registrar imagens a partir do tato, da audição, do olfato. Além disso, a experiência tem funcionado como um processo de inclusão, ao estimular a curiosidade, a criatividade e a auto-estima.

A percepção e a construção de imagens são temas pesquisados por Míriam Cris Carlos, doutora em Comunicação e Semiótica e professora do Mestrado em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba. Ela explica que “as imagens se constroem também de dentro para fora e vice-versa, a partir de todos os sentidos, não só da visão”. A pesquisadora esclarece que a biossemiótica pesquisa o corpo e suas potencialidades, a capacidade que temos de nos adaptar e especializar o corpo para sobreviver. “Quando perdemos um sentido, tendemos a explorar melhor os outros. A experiência de fechar os olhos pode ser riquíssima para nós, que somos escravos do olhar”, afirma.

Embora destinada a deficientes visuais, interessados em produzir imagens a partir de outras formas de percepção podem participar da oficina. Werinton e Miriam explicam que “aqueles que enxergam terão os olhos vendados e serão guiados por aqueles que não enxergam com os olhos, mas percebem o mundo e formulam imagens / representações a partir de sua experiência sinestésica”.


Texto: Míriam Cris Carlos


Serviço:

O Outro Olhar: fotografia para deficientes visuais

Data: Sábado, 03 de dezembro,
Horário: a partir das 8h
Local: ASAC - Rua Sete de setembro, 344 - Centro - Sorocaba
Telefone: (15) 3232 -2786



Miriam Cris Carlos é Doutora em Comunicação e Semiótica, especialista em Teoria da Literatura e graduada em Letras. Professora pesquisadora do Mestrado em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba, Uniso. Roteirista e documentarista. Publicou, pela Sulina, “Comunicação e Cultura Antropofágicas” e, pela Provocare Editora e Eduniso, “A pele palpável da palavra” e “Arteiras Sorocabanas”. Realiza estágio pós-doutoral em Comunicação Social pela PUCRS- Porto Alegre.

Plataforma Lattes:



Werinton Kermes, fotógrafo, jornalista, documentarista e produtor cultural. Foi secretário da Cultura da cidade de Votorantim de 2003 a 2009. Recebeu inúmeras premiações, entre elas o prêmio de melhor vdocumentário no Festival de Vídeo de Gramado por “João do Vale, muita gente desconhece” e melhor vídeo social por “Povo Marcado”. Realizou o documentário “Clementina de Jesus: Rainha Quelé”, que retrata a vida e a obra da cantora brasileira Clementina de Jesus. Publicou pela Provocare Editora “Política e Ação Cultural, por uma Gestão das Culturas” e também é autor de “Nossa arte à meia-luz”.